Mãe Sozinha |
Dizem "mulher da alegria",
Quando ela passa na rua; A pobre mãe continua, Os olhos fitos no chão!... Quanto fel, quanta agonia Nessa mulher que condenas!... Ninguém lhe conhece as penas Cravadas no coração.
Tristeza no desconforto,
Sem palavra que a revele, Trapos dourados na pele, Traz a angústia por dever. Viúva de um vivo morto, Ei-la que segue sozinha, Tem ao longe, a pobrezinha, Um filho quase a morrer.
Já bateu a tanta porta,
Já pediu a tanta gente!... Dói-lhe a ferida pungente De ter sido mãe sem lar; Abatida, semimorta, Apenas vê no caminho A febre e a dor do filhinho Que a morte lhe quer roubar.
Tu que cresceste na estrada,
Desde o berço de ouro e rendas, Entre mimos e oferendas De paz, segurança e luz, Fita essa mãe desolada, Na penúria que a consome... Talvez que ela tenha fome Ao peso da própria cruz.
Não lhe zombes da amargura,
Também foi criança, um dia, Brincava, estudava e ria, Rosa ao fulgor da manhã; Também foi bela e foi pura, Hoje, nas mágoas que trilha, Podia ser nossa filha Assim como é nossa irmã.
Mãe na dor!... Bendita seja!...
Escrava de toda hora, Honra as lágrimas que chora, Nas dores por onde vai!... Sem esposo que a proteja, Sem arrimo, sem tutela, Em Deus que sofre com ela Encontra a Bênção de Pai. |
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito Irene de Souza Pinto. Araras, SP: IDE, 1978. |
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Mãe Sozinha - Chico Xavier e Irene de Souza Pinto
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