Importante no contexto da evolução humana, a
vida em família é o único meio que nos propicia o aprendizado, a compreensão
e a realização dos nossos maiores sonhos como seres inteligentes. Viver numa
família bem estruturada é sentir-se parte integrante da harmonia universal.
Todavia, aceitando a realidade do plano evolutivo em que se encontra o nosso
Planeta, sabemos que essa harmonia, da qual acabamos de falar, nem sempre se
faz presente.
1994 foi escolhido pela ONU para ser o Ano
Internacional da Família. Em torno deste acontecimento, sociedades de
todo o mundo, sem distinção de credo político ou religioso, estão se
manifestando no sentido de ressaltar a importância da família.
A família mostra a trajetória da Humanidade,
pois existe desde as mais primitivas eras. Em cada época, características
próprias marcaram sua existência, de acordo com
as leis e o conhecimento dos homens de então. Naturalmente que a família de
hoje é também um espelho do grau evolutivo em que nos encontramos.
1. LAR TERRENO – ESTÁGIO PARA OS ESPÍRITOS
A Doutrina Espírita oferece-nos toda uma
explicação racional sobre a forma como são constituídos os agrupamentos
familiares e a necessidade da convivência mais íntima entre seus membros.
Em cada lar terreno, quanta interação existe do
passado com o presente, na tentativa de oferecer a todos nós a
oportunidade de cumprir as leis maiores.
Quando dois jovens - homem e mulher - se
encontram e anseiam por formar uma nova família, vamos percebê-los envolvidos
por sonhos e esperanças, desejosos de participar de uma vida em comum,
onde possam sentir-se “completos”, no terreno do afeto e da realização pessoal.
A realidade
tem-nos mostrado, contudo, que esses jovens que anseiam por caminhar juntos são
quase sempre duas criaturas que se autodesconhecem e desconhecem um
ao outro em termos de valores intrínsecos e pessoais, e, no entanto,
cabe-lhes a responsabilidade de educar os filhos que virão.
Educar significa ensinar conceitos, oferecer exemplos, mostrar caminhos. Mas,
será fácil para quem não se conhece, conhecer a intimidade de um outro ser,
mesmo que seja seu filho, e orientá-lo com segurança nos caminhos da
vida terrena, lembrando ainda que ele também carrega a sua "bagagem",
constituída de aquisições do passado?...
Os filhos que chegarão ao lar não estão
simplesmente nascendo em nova casa. São espíritos que retornam ao orbe
terrestre em busca de mais aprendizado e inicialmente necessitados de
orientação segura.
O primeiro passo do educador é conhecer-se
a si mesmo. Partindo desta assertiva, que cada pai e mãe busque realizar um
sério trabalho de auto-análise, através do qual terá possibilidade de
começar a sua reforma íntima para cooperar na edificação melhorada de
novas etapas da vida terrena.
Devemos direcionar para a família todo o
nosso potencial de realizações, com a certeza de que não há necessidade
de conhecer os detalhes do passado para resolver as dificuldades do presente. E
nesta luta, que deve ser alicerçada na boa vontade, não há como ignorar que o
trabalho de reestruturação é tarefa de todos.
2.
AGRUPAMENTO FAMILIAR
O conceito básico da família formada a partir da união de pai, mãe e
filhos raramente corresponde à realidade, pois tanto o pai como a mãe estão
ligados às suas respectivas famílias e este fato acarreta a participação de
muitas personalidades que passam a se envolver no novo grupo. Poucos, contudo,
estão preparados para a vida em grupo, e esse despreparo é talvez o
grande obstáculo do bom relacionamento familiar como de todo o contato social.
No agrupamento familiar, como em qualquer
outro, a existência de cada uma das pessoas, corresponde a um foco
energético emissor de vibrações que envolvem e atingem os demais,
acontecendo, então, a chamada interação do pensamento, responsável pelo campo
mental em que a família ou todo o grupo se movimenta. Daí a
responsabilidade de todos em manter os pensamentos elevados.
É importante que cada componente olhe a sua
interioridade e procure solidificar conceitos morais e atitudes fraternas,
expurgando de si o egoísmo e o egocentrismo, características que ainda norteiam
os nossos passos e por isso costumamos faltar às nossas obrigações de doação
em favor das criaturas que nos rodeiam.
A família deve existir para oferecer aos seus
membros as condições necessárias à realização pessoal, desenvolver os sentimentos,
oferecer segurança emocional, ressaltar o tratamento fraterno e,
com isso, constituir-se num modelo de vida capaz de ajudar no progresso da sociedade.
Deve ser sólida o bastante e estar preparada
para resistir às investidas menos felizes que tentarão derrubá-la.
O trabalho de doação, inicialmente realizado
pelos pais, deve ser feito com confiança e sem restrições, constituindo exemplo
a ser seguido pelos filhos, contando ainda com a cooperação de todos os
outros membros.
3. ORIENTAÇÃO RELIGIOSA
A melhor forma de oferecer à família os conceitos morais é
lembrar o Evangelho de Jesus e seus exemplos. A partir deste início
estaremos introduzindo no lar a orientação religiosa.
Para desenvolver um trabalho de educação no
lar, indispensável uma base de religião que esclareça as verdades
maiores e oriente em rumo seguro. Esta questão é tão importante e está intimamente ligada
ao ser humano, que se fez presente em todas as épocas da História com
características que marcaram o padrão de vida, conforme veremos a seguir:
- Na era do império Greco-Romano, o homem era
servil à Lei com obediência máxima ao
Imperador, um quase Deus;
- a época Medieval caracterizou-se pela
formação do cristão, submisso à Igreja
e aos regulamentos eclesiásticos;
- o período do Renascimento teve o
gentil-homem que obedecia a etiquetas e normas sociais, desfrutando a cultura
mundana;
- a época Moderna mostrou o homem
esclarecido, apegado às ciências e às artes, mas abalado em sua crença
religiosa; e
- hoje nos defrontamos com o homem “psi”,
acordado para a sua estrutura mental, mas ainda confuso e sem conhecer todo o
seu potencial, preso às angústias e traumas do passado, profundamente marcadas
em seu espírito. E talvez por culpa
desse mesmo passado longínquo e do seu presente confuso, ele se mostra muitas
vezes descrente da religião, que relegou a simples convenção.
O homem atua1 é, em tese, aquele Espírito que
passou por todas as épocas e vive agora importante momento existencial, do qual
nem se dá conta, mas buscando encontrar verdades substanciais. Seu encontro
com a Doutrina Espírita ajudá-lo-á realmente a se conhecer e a conhecer o
Universo ao qual pertence.
Por tudo isso, ensinar também às crianças o princípio da Reencarnação e
a Lei de Causa e Efeito é algo perfeitamente adequado, não se esquecendo de que
elas trazem consigo a semente desses conhecimentos.
4. SOCIEDADE – EXTENSÃO DA FAMÍLIA
Não é possível isolar a célula familiar da
sociedade como um todo. Isto, porque os homens que constituem a sociedade são
fruto de uma família.
Não podemos esquecer as dificuldades que
muitos setores da sociedade estão
atravessando nos dias atuais, mas elas seriam menores se houvesse mais fraternidade
e boa vontade entre as pessoas.
Quando os membros de uma família deixam o recesso do lar para atuar na
sociedade, devem ter o mesmo comportamento e obedecer aos mesmos princípios
de moral. Dentro do lar pertencemos à família consangüínea e, convivendo em
sociedade, pertencemos imensa família humana, que Jesus tanto exaltou,
pois nos chamou a todos de irmãos.
Se as famílias estivessem estruturadas em
sólida base moral, não teríamos a sociedade enfrentando um período tão
confuso, navegando ao sabor de experiências mil, com as pessoas sucumbindo
diante de apelos menos recomendáveis.
5. A FAMÍLIA ATUAL
Não
seria correto dizer que a família precisa ser resgatada, pois ela continua
presente. O que está ocorrendo é a necessidade de melhor compreensão sobre o
momento atual e as dificuldades que atingem a muitos.
O diálogo aberto e respeitoso é um exercício que deve ser praticado, pois,
sabemos que o questionamento em bases sérias descortina
horizontes que muito podem mostrar e ajudar.
O momento presente está exigindo uma participação
ativa de todos quantos já se conscientizaram da responsabilidade que nos
cabe na manutenção da harmonia à nossa volta. Para conservar a família unida
pelos laços do afeto, devemos despertar para o amor verdadeiro, e
corajosamente colocar em prática os ensinamentos de Jesus, hoje tão atuais como
na época em que Ele os pregou.
6.
OBJETIVO E LIBERDADE
Dentro do processo educaciona1 a se
desenvolver no âmbito familiar, alguns temas são de capital importância e devem
ser abordados e analisados de forma a merecer a atenção de pais e filhos. Exemplos:
Auto-análise pelos paisFazer a criança entender o que é família
Defeitos dos pais
Bases para uma boa educação
Autoridade paterna e materna
Disciplina e Liberdade
Educação sexual
Vida escolar dos filhos
Educação do sentimento social
Respeitando o ambiente
do próprio lar e suas características, cada família deve encontrar as condições
ideais para abordar os assuntos que julgar mais necessários e importantes a fim
de solucionar as dificuldades do seu agrupamento.
Sobre os temas que citamos e muitos
outros, é certo que temos a liberdade de tomar decisões
próprias, pois que gozamos do livre-arbítrio. Mas,
estaremos usando com sabedoria a liberdade que Deus nos concedeu?...
É hora
de analisar sensatamente ações e atitudes e verificar se não estamos
cometendo excessos. Nunca será demais lembrar que no equilíbrio
reside a
chave da felicidade.
Mesmo que tenham mudado as condições de vida
quanto a hábitos e costumes, exigências de uma nova época, cabe a responsabilidade
de acomodar essas inovações dentro do contexto dos valores sadios, seja
no campo moral ou no humanitário.
Segundo André Luiz, o lar é o
sagrado vértice onde o homem e a mulher se encontram para o entendimento
indispensável. É templo, onde as criaturas devem unir-se
espiritual antes que corporalmente. (F C. Xavier, "Nosso
Lar", Cap. 20)
A vida em família é o meio capaz de nos ajudar
na caminhada evolutiva. Por isso, devemos empregar todos os esforços para que o
lar se transforme no aconchego amigo, onde a estrutura espiritual seja
forte o bastante para oferecer suporte à vida terrena, tão cheia de percalços,
mas plena de oportunidades de crescimento.
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